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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Não



Outro ser que não eu
Outra rua que não a minha
Não me encontro neste vale roto, de gente com fome, vestida de revolta
que bebe a sede da ignorância não por necessidade mas por obrigação
Não aos pobres indigentes de fome porque só se é indigente de amor
Não à indigência na dor porque só se tem fome da cura
Não à indigência da tristeza porque só se tem pressa de um sorriso

Não somos solitários e inertes.
Somos vida em constante busca de raízes procurando florir.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ontem


Sabes, Pai, era assim que me vias tantas vezes!
E o mundo que construíste com a tua persistência era  rodeado de flores vindas "de fora" pedidas pela mãe! As nossas vozes eram o teu arco íris.
A primavera era um estalido de cores no jardim geométrico  bordado de buxos  com matizes de margaridas e amores perfeitos. As flores e tu. Tu e as flores.As flores e nós!
E os bibes bordados, com laços e rendas eram a cópia que a mãe fazia das flores, com as suas mãos de ternura.
O sol era morno, a minha fita de seda no cabelo era a coroa da tua princesa! os malmequeres foram sempre bemmequeres neste reinado que não era fantasia!
Os linhos eram a seda com a que a mãe nos cobria, cheirando à frescura da vida e da terra.
As brincadeiras são  a música que se faz sentir ainda hoje nesta harpa solitária!
Hoje Pai, ficam as saudades de ti na memória de uma Sonata Vazia!


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Charco



Não sei de mim.
O meu tempo é o tempo que me alcança sem o ver
Sou a terra e o fruto da água que transpira amor e dor
Vibro em cada espiga, em cada mergulho do sol pôr
E tropeço em cada charco no lodo viscoso das insanidades inodoras, tão insípidas
Sou o louco que expirou ingenuidades com o tempo e não cresceu com as suas loucuras.
Ah solidão dos caminhos de ninguém
Aperta-me nos braços das flores
Quero adormecer no vale da saudade
Depois, subir, ir beijar as nuvens
Aqui tudo me enoja e enjoa
Cheira à podre falsidade.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Meu amor



Meu amor!
Como eu pensava conhecer-te. 
O vento varreu-te da minha sombra!
Nela ficou escrito o teu beijo
na plumagem das árvores e na pele virgem dos meus lábios.
E ficou a sede  de ti e do pólen que abrigava as nossas mãos.
Jaz o fúnebre desejo de voltar a amar-te no leito das folhas verdes
que foram
que são
Mas eu...
...não!

Túlia